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Mais de 6 milhões de crianças estão afastadas da escola por falta de saneamento básico

  • 25 de outubro de 2024
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Quatro em cada dez crianças brasileiras com até seis anos de idade são afastadas de creches, escolas e atividades sociais devido à falta de saneamento básico. É o que revela o estudo “Futuro em risco: os impactos da falta de saneamento para grávidas, crianças e adolescentes” publicado na última quinta-feira (10), pelo Instituto Trata Brasil.

Segundo dados da Pesquisa Nacional de Saúde de 2019 realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), foram registrados 6,6 milhões de afastamentos por doenças de veiculação hídrica durante o ano de 2019, o que impactou a frequência escolar e as atividades sociais. Considerando o total de 18,3 milhões de crianças no Brasil, esse número representa 361,8 casos de afastamentos de doenças causadas por falta de saneamento para cada mil crianças naquela época.

A falta de acesso a serviços adequados de saneamento básico, como água potável, esgoto tratado e instalações sanitárias, pode ter consequências diretas e indiretas sobre o desempenho escolar das crianças e adolescentes, resultando em frequentes ausências em unidades escolares e comprometendo a continuidade da aprendizagem. 

Dessa forma, estudantes que enfrentam problemas de saúde decorrentes de um ambiente insalubre, como diarréia, doenças respiratórias e infecções têm mais dificuldade em acompanhar o conteúdo escolar, o que pode levar à queda na performance acadêmica e, em casos mais graves, à evasão escolar.

Impactos na educação no Brasil

A pesquisa analisou também dois grupos de alunos, baseando-se nos resultados do Sistema de Avaliação da Educação Básica (SAEB) de 2021.  As provas do SAEB são realizadas em várias etapas da educação básica, como no 5º e 9º anos do ensino fundamental e no 3º ano do Ensino Médio, com foco em disciplinas como língua portuguesa e matemática.

No SAEB, os alunos realizam provas objetivas e, a partir do desempenho nas questões, recebem uma pontuação em uma escala contínua, que vai de 0 a 500 pontos. Essa escala não representa uma nota tradicional, mas sim o nível de proficiência do aluno em determinada área, utilizando a Teoria de Resposta ao Item (TRI). A TRI considera a dificuldade de cada questão e a probabilidade de acerto de um aluno, levando em conta o seu nível de habilidade.

Para o estudo, foi observado que o primeiro grupo avaliado tinha acesso à água tratada em casa, ao passo que o segundo não possuía esse recurso. Os alunos sem água tratada tiveram uma pontuação 20,9 pontos menor em língua portuguesa, em comparação com o grupo que contava com esse acesso. 

Em matemática, a diferença foi parecida, com uma desvantagem de 19,1 pontos. No total, a soma das notas das duas provas revelou uma discrepância de 40 pontos a menos para os alunos que moravam em ruas sem tratamento de água.

A pesquisa também mostra que, na prática, esses estudantes tiveram dificuldades em identificar temas comuns em duas reportagens e não conseguiram reconhecer relações de causa e efeito em poemas, contos e tirinhas na prova de língua portuguesa. Na prova de matemática, demonstraram não saber ler as horas em um relógio analógico.

Vida Adulta

A falta de acesso ao saneamento básico tem impacto direto na educação e, consequentemente, nas oportunidades de trabalho e na renda. A ausência dessa infraestrutura essencial compromete a saúde, levando ao aumento de doenças e afastamentos das atividades escolares e profissionais, o que prejudica o desenvolvimento educacional e dificulta a obtenção de empregos que exigem maior qualificação.

Por outro lado, ao garantir o acesso ao saneamento básico, é esperado que a qualidade de vida melhore, com menos doenças, maior frequência escolar e aumento da produtividade. Com isso, as pessoas têm melhores chances de conseguir empregos mais qualificados e, como resultado, obter uma remuneração maior. Isso rompe o ciclo de subdesenvolvimento e contribui para o crescimento pessoal e social.